quinta-feira, 28 de maio de 2015

Rodada e casada

Robin Rinaldi
Uma manchete chamou minha atenção no começo dessa semana. Ela dizia o seguinte: “Mulher tira folga do marido e vai para a cama com estranhos durante um ano”.

A matéria conta sobre o experimento sexual de Robin Rinaldi. A americana de 44 decretou um ano de esbórnia organizada para dormir com quem quisesse. Como não é boba nem nada, vai lançar um livro sobre a interessante brincadeira: "The wild oats project". Vale dizer que o mesmo valia para o marido, ok, fofas?

..assuntinho que sempre rende...

No mesmo dia em que eu li isso, reencontrei uma amiga. Nos conhecemos há muito tempo, mas da última vez em que a gente tinha se visto, ela estava, sei lá, desanimada.

Ela não me disse isso, eu que tou falando. Sei que ela não vai se aborrecer se ler essas besteiras que eu escrevo, porque sabe que é verdade. Nós duas almoçamos juntas e até discutimos esse assunto, de leve. Ela tinha acabado de ter segunda filha naquela época. Com um bebê em casa e outra menina, ainda pequena, fazia graça da coisa toda, dizendo que estava naquele momento meio de surto “mãe” em que tudo que a mulher consegue fazer é pensar em prover. Ou seja, putaria, meus caros, nem pensar!



Nessa sexta-feira à noite, a cara dela era outra. Mais magra, de óculos e cabelos desgrenhados, e um gato a tiracolo no qual ela estava literalmente dependurada. Eu olhei e pensei: “uh-lá-lá”. Ela parecia bastante íntima e à vontade com o moço, o que me causou certa estranheza. Afinal, não tive notícias da separação... Aí ela veio e sussurrou no meu ouvido: “hoje é minha sexta libertária”. Aham. Mas que coisa é essa, hein?

Um ano, umas sextas-feiras, acho que não importa. Não posso discutir com a moça do livro, infelizmente ela está lá nos Estados Unidos da América. A matéria diz que ela ficou irada porque o marido decidiu fazer uma vasectomia quando ela ainda queria engravidar. Questiona até que ponto esse processo de liberação sexual dela não seria, na verdade, uma forma de vingança. Sobre isso, vou ser direta: acho digno. Bem mais digno que ficar choramingando pelos cantos (que talvez fosse o que a boboca que vos fala, fizesse), os dois, aliás, fizeram tudo de comum acordo e vamos pensar aqui que o marido também deve ter se divertido, não? Mas como bons americanos, a parada entre eles parecia bem cheia de regras.



Recorri à amiga: “vem cá, me conta mais aqui sobre esse lance de sexta-feira libertária, please”?

E ela contou. Os dois decidiram fazer isso porque se conheceram muito novos e acham que é importante ter experiências com outras pessoas. Já tinham pensado nisso, mas a provocação veio e a vontade falou mais alto quando viram outro casal, muito próximo, fazer a mesma coisa. Eles nunca treparam tanto na vida, estão felizes. Não têm regras sobre número de encontros (ao contrário do casal da matéria, que limitava a duas saídas). A coisa pega, segundo ela, quando um dos dois passa a noite fora. O que eles fazem quando isso rola? “Cuidamos um do outro. Foi o que combinamos”.


A gente, verdade seja bem dita, costuma mais imediatamente associar liberdade sexual e solteirice. Casamento, quase sempre, é sinônimo de monogamia e, alguns, uma boa parte, sejamos francos?, de monotonia e preguiça.



Sou adepta do seguinte: vale, vale tudo. Vale o que vier, vale o que quiser. Só não vale ser infeliz. Só não vale a preguiça. A caretice também não rola. E, no caso dos meus amigos, não vale se apaixonar.

Esse ponto é polêmico. Me levou a discutir com outra amiga, que desdenhou: “Isso é estúpido”. Acho não. É a única regra que realmente importa, mesmo que seja simbolicamente. Ela está ali para dizer que se trata de um casal, e que o amor deles é coisa séria.



Minha amiga quer me levar para passear com ela em uma de suas sextas-feiras. Eu mal posso esperar.

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