Pode acontecer com
qualquer uma, pode acontecer num ensaio de escola de samba, numa boate lotada,
numa festa familiar. Mas sempre tem aquele dia em que a ficha cai e você
descobre que seu valor no cruel mercado da azaração está igual às ações da
Petrobras: em franca decadência.
E isso acontece até
com as atrizes hollywoodianas, que passam de gementes mocinhas a balzacas
mamães (ou tipo Adriana Esteves, a moça do lençol em Renascer, como mãe de Sophie
Charlotte). Chega aos poucos, mas a evidência normalmente se dá em rodinhas de
conversa.
Gatinhas: não dá para competir com elas |
As meninas de 20, 20
e poucos passam a ser o centro das atenções com seus cabelos esvoaçantes,
brilho no olhar, pele e pernocas perfeitas, nenhum pé de galinha e todas as
informações sobre a festa maneira, o livro da onda e o novo
gadget-mais-que-tudo.
Comigo a evidência
se deu numa sexta à noite, num barzinho. Enquanto minha amiga (casada) gastava
as horas enchendo muito a cara de cerveja, eu estava no meu momento beber, mas
também checar os bofes ao redor. Olhando quem passava, eu estava lá, em pé, na
calçada, meio sozinha e meio acompanhada. Conversei com muita gente mais ou
menos interessante. Exibi meus conhecimentos de cultura e línguas, exalei
alguma animação.
Mas, confesso, tinha
uma preferência clara: um jovenzinho (ou nem tão jovem assim) colega de
profissão. Dei então um jeito de me aproximar. O sujeito deu papo - ou assim
entendi. E até ficou muito surpreso quando se deu conta de que eu era uma
mulher rodada. Ali, seguindo meus instintos até então válidos, pensei: 'tá no
jogo'. Só que não.
O tempo passou, ele
me admirou, elogiou, mas foi mesmo pedir o telefone de umas meninas de 20 anos
que estavam do outro lado da rua. De minha parte, fui procurar minha amiga que
tinha sumido pela centésima vez, puta, a enfiei num táxi e rumei para casa.
E lá fui eu, sentindo-me como a menos desejada das criaturas, sapato velho. Quando ainda estava no meio do caminho, pude rir sozinha do ridículo de tudo aquilo.
Adeus, mundo cruel! |
E lá fui eu, sentindo-me como a menos desejada das criaturas, sapato velho. Quando ainda estava no meio do caminho, pude rir sozinha do ridículo de tudo aquilo.
Talvez eu ainda
tivesse, sim, algum poder, mas já não dava, nem de longe, para encarar este
mercado de esterótipos da beleza. Para ser mais justa, fiz até sucesso com um
turistas russos e portugueses, e com uma moça, que tentou de todo jeito sair de
lá comigo. O mundo e muitos homens (mulheres costumam ser bem mais generosas) e
os comerciais e os filmes têm esta mania de decidir o dia em que a mulher não
será mais fuckable, ou transante, ou desejada.
Oh, yes. |
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