sábado, 11 de abril de 2015

Ei, moç@, você é feminista



É com você, sim, moça, moço! Você, aí! Não se aborreça com a gente, por favor.
Ouça esta história. Foi numa reunião, quando uma super mulher, profissional idolatrada, livre de pensamento, defensora das causas, mãe virou-se e bradou: "opa, eu não sou feminista!". Tomei um susto. Logo ela? Esta semana, teve mais. Uma das nossas vlogueiras do coração também enfatizou que o feminismo não era coisa sua.
Diante de tanta evidência, deu-se o clique: há algo de errado.
Em uma palestra para estudantes, de uns 150 alun@s que povoavam a plateia, apenas 30 levantaram o braço quando perguntad@s se eram feministas. Mas 100% concordaram que uma mulher, que estudou o mesmo tempo, nos mesmos colégios que um homem, não pode ter um salário menor que o dele (pasmem, isso acontece em todas as carreiras); e 100% - 1 concordaram que os homens deveriam dividir igualmente os cuidados e as tarefas domésticas.
Nossa conclusão: querendo ou não, somos muito mais feministas que imaginamos.
Há 40 anos, ser feminista era muito bacana; as feministas lutavam e ganhavam pontos em vários círculos sociais. Só perdiam mesmo entre @s conservador@s que, convenhamos, não interessam a ninguém. Já há 20 anos, era o pior que uma mulher poderia fazer para si mesma, afinal, as feministas "são muito chatas, não depilam o suvaco, usam roupas feias, não querem homens por perto (sic)".
O pior: essa visão cheia de estigma colou.
Mas, caso ainda ache que isso é ser feminista, saiba: você se engana. Ser feminista pode ser simplesmente querer para as mulheres os mesmos direitos que os homens: direito às tarefas domésticas compartilhadas, aos cuidados com @s filh@s compartidos, a oportunidades iguais de emprego, a não ser violentada ou morta pelo simples fato de ser mulher.
Se também defende isso, bem-vind@ ao clube.


Os feminismos, como se diz hoje em dia, são - podem e devem ser - muitos. Há feministas que preferem ações exclusivamente com mulheres, feministas que defendem roupas curtas, que querem liberdade para transar.Há grupos de feministas negras, há as que apoiam a legalização da prostituição, as que são contra. Há feministas lésbicas, transsexuais e mães de filh@s e cachorros. Existem até feministas no catolicismo e no islã. E, claro, há homens - muitos - feministas.
Assim, por mais que tentem sequestrar o feminismo e trancá-lo numa caixa, apontando ao mundo quem é ou não feminista, quem pode ou não ser feminista, somos aqui da tese de que é hora de todas as pessoas de bem se reapropriarem das lutas pelos direitos das mulheres.
Fazemos, pois, um convite: onde será que está nosso mínimo denominador comum?
Deixemos que os machistas, os conservadores, os hipócritas nos xinguem, nos condenem. Eles vão ficar lá, no passado passando. E nós, feministas e orgulhos@s de nós mesm@s, vamos seguir, cada uma com sua bandeira, de braços dados.

(Texto: Debora Thome e Renata Rodrigues - Imagens: Renata Vidal)

Um comentário:

  1. Concordo. Às vezes tenho a impressão de que as mulheres que dizem não ser feministas nas verdade têm medo. Medo de talvez os homens gostarem menos delas se elas se assumirem feministas. Isso por si só já é produto de uma cultura machista, onde as mulheres acham que devem agradar os homens através de comportamentos "aceitáveis" por eles.

    Sempre digo para essas mulheres saírem das escolas e universidades, rasgarem seus diplomas, pedirem demissão, parar de dirigir e de circular pelas ruas e voltarem para dentro de suas casas. Afinal, esses "direitos" básicos foram conquistados graças a muita luta e esforço feministas.

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